terça-feira, 25 de março de 2008

O flautista levado por hamelin



“Em 1284, (...). Cento e trinta meninos e meninas seguiram-no para fora da cidade, aonde foram enfeitiçados e trancados em uma caverna. Na cidade, só ficaram seus opulentos habitantes e seus repletos celeiros e bem cheias despensas, protegidas por suas sólidas muralhas e um imenso manto de silêncio e tristeza.

E foi isso que se sucedeu há muitos, muitos anos, na deserta e vazia cidade de Hamelin, onde, por mais que se procure, nunca se encontra nem um rato, nem uma criança.”

-O Flautista de Hamelin. Fonte Wikipedia, a enciclopédia livre-


Olá a todos.

Primeiramente, devo me desculpar pela demora injustificada em colocar novos temas aqui (ainda que poucos leiam), pois todo dia é dia de ter algum espasmo. Entretanto, resolvi voltar a me manifestar quando ouvi pelo rádio uma história por demais comovente, e por sentir obrigação de falar sobre isso.

Em 1984, Charles Pereira Gonçalves tinha 10 anos de idade. Começou a tocar flauta para ajudar a família. Treinado pelo pai, saía pelas ruas do centro de São Paulo com seus irmãos buscando fazer dinheiro e, certo dia, acabou sendo descoberto. A partir de 1988, gravou um disco intitulado “Pinguinho de Gente”, foi convidado a tocar em programas de televisão, ganhou o II Prêmio Sharp de Música e dividiu palco com Arthur Moreira Lima, Altamiro Carrilho, Gilberto Gil e Paulo Moura.

No início dos anos 90, maestro Julio Medaglia, impressionado com o talento nato e ouvido absoluto do garoto, conseguiu uma bolsa na Alemanha para que Charles pudesse aprender com o primeiro flautista da Orquestra Filarmônica de Berlim, mas a viagem nunca se concretizou, pois Charles já tinha caído de cabeça no crack.

Hoje, Charles Pereira Gonçalves tem 34 anos, sofre de tuberculose, pneumonia e vive debaixo do viaduto Costa e Silva, comumente conhecido como “minhocão”. Também tem um filho de um ano de idade, que nunca o viu.

É claro que este caso é um entre os milhões de jovens que vivem em situação parecida, mas é perfeito para ilustrar o quanto pode estar sendo desperdiçado em nossas ruas, todos os dias. Também é certo que ele acabou por cair nessa vida por si só, pois mesmo Charles disse “sou um adicto.”. Mas um adicto carente de qualquer tipo de suporte ou orientação. Carência esta que se dá por uma série de fatores que, resumidamente pode ser definida como exclusão social.

Clique aqui para ouvir o som do flautista perdido.






Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Flautista_de_Hamelin
http://www.terra.com.br/istoe/semana/143433c.htm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/index.htm
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd240308.htm

Um comentário:

rafagros disse...

legal de 4 em 4 meses eu entro no seu blog...